sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Consequências - Desafios, Africanidade e questões étnicas

Pan-africanismo!


            O processo de independência das colônias portuguesas na África (que pode ser considerado como parte dos conflitos indiretos da Guerra Fria) foi seguido de nacionalizações, estatizações e reformas. Muitos países saíram devastados de guerras por libertação e guerras civis, e ainda continuam lidando com conflitos étnicos e políticos decorrentes da partilha desrespeitosa do continente. A maioria das colônias constitui hoje o grupo de países mais pobres do mundo.  O domínio colonial e a turbulência política das lutas de independência deixaram subdesenvolvimento e instabilidade industrial nas ex-colônias, que passaram por crises, catástrofes sociais e políticas, com o fator preponderante da etnia (unindo, no período do Imperialismo, povos inimigos e separando outros, a exemplo), gerando mais de um milhão de mortos e milhões de refugiados. Há, portanto, um longo caminho a se percorrer no pós independência para superar todas as consequências negativas do processo imperialista e de luta.
            Por outro lado, certas transformações foram promissoras para a solução de tais problemas continentais, mesmo com tantas adversidades. As questões quanto à raça, o pan-africanismo, a Negritude e a Africanidade são conceitos que surgem com força durante e após esse período, contra a agressão e o desrespeito cultural impostos pelos colonizadores, que perpetuaram ideais preconceituosos e racistas do imperialismo, que se estendem até os dias de hoje, renegando as características do negro e de sua cor, com a visão de que são inferiores. Há uma união, portanto, em torno de uma luta conjunta dos países europeus, a fim de conquistar espaço mundial, como se viu com a criação da Organização da União Africana em 1963, por exemplo. O pan-africanismo se estende para além das colônias portuguesas: na África do Sul, por exemplo, Nelson Mandela liderou a luta vitoriosa contra o Apartheid, a segregação racial, tornando-se um exemplo do potencial africano e da luta contra o racismo.


Pan-africanismo: descendentes de africanos ao redor do mundo lutam pela valorização da africanidade





Por fim,

Bibliografia

- Sites:


Atenciosamente,

Maria Júlia, Thaíssa Rosa,
Daniel La Rubia e Amanda Ornellas,

Turma 2304.



Direto ao ponto - Independência das colônias portuguesas no continente africano

 

África: de explorada à independente


            As colônias portuguesas foram as que mais demoraram a conquistar sua independência, todas após 1970, já que Portugal esteve, desde a década de 30, sob a Ditadura de Salazar, que travou o país de avanços econômicos, políticos e sociais, e que foi seguida de uma República, até então socialista. Quando ocorreram os movimentos que derrubaram as últimas ditaduras europeias, na Grécia, na Espanha e em Portugal, em meados dos anos 70, as lutas coloniais por libertação, que já existiam configurando as múltiplas resistências políticas e religiosas, mas sem reconhecimento ou vitória, passaram a ganhar força, constituindo a também chamada Guerra Ultramar.


• Angola

            Em Angola, que serviu de estoque para o tráfico de escravos de Portugal, o Movimento Popular pela Libertação da Angola (MPLA), fundado em 1956 e de orientação marxista, caracterizou um movimento guerrilheiro contra o colonialismo salazarista, além da União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), esta marcada por uma proposta política anticomunista. Em 1972, surgiu também a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), grupo que tinha apoio financeiro dos EUA. Em 1974, houve a Revolução dos Cravos, em Portugal, que derrubou a ditadura fascista de Salazar e propiciou, por meio de um acordo diplomático, a libertação angolana para 1975. Entretanto, evidenciando a influência da bipolaridade da Guerra Fria, constituiu-se uma guerra civil entre a MPLA, pró-soviética, no poder, e a Unita e a FLNA, apoiadas pelos EUA (cada frente apoiada por um dos dois megablocos – socialista e capitalista). Apesar dos esforços internacionais por paz após a Guerra Fria, esta guerra interna violenta se mantém ainda nos dias de hoje, devastando o país em destruição, fome e mutilações, em contraste com sua riqueza em matéria prima.

Guerrilheiros na libertação da Angola


Moçambique

            Em Moçambique, a Frente de Libertação do Moçambique (Frelimo), inspirada no socialismo e fundada em 1962, iniciou a luta por independência, quando foi ocupando o território da colônia. Com a Revolução de 1974, já citada (Cravos), Portugal acelerou as negociações para a libertação moçambicana, tendo reconhecido sua independência em 1975, com a Frelimo no poder. Porém, a África do Sul, apoiada pelos EUA, procurou desestabilizar o governo socialista por meio da Resistência Nacional Moçambicana (Remano) e, mesmo após um acordo de não agressão com a África do Sul, os confrontos continuaram (guerra civil). Somente nos anos 90, após uma abertura política, buscou-se estabelecer acordos entre o governo e os guerrilheiros, todavia, ao longo de todo esse processo conflituoso, Moçambique tornou-se o país mais pobre do mundo, tendo sido necessária a paz acordada entre os grupos rivais e uma maior conscientização para reconstruí-lo.

Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique


Cabo Verde e Guiné-Bissau

            Em Cabo Verde e Guiné-Bissau, a luta por libertação começou em 1961, sob a liderança do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), cujo líder proclamou a independência de Guiné-Bissau, em 1973, a qual foi reconhecida imediatamente pela ONU, mas só foi oficializada em 1974, depois da Revolução dos Cravos. Cabo Verde, independente em 1975 e unido à Guiné-Bissau, se separou dela em 1980 e, no final desta década e no início da próxima, ambos os países integraram transformações da Guerra Fria, ampliando a abertura econômica (Cabo Verde) e a abertura política (Guiné-Bissau). No entanto, ao longo dos anos 90, o radicalismo entre as várias facções políticas continuou fomentando conflitos, quanto às eleições livres, por exemplo, além das diferentes etnias.

Amílcar Cabral, líder da independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau


Colônias portuguesas em destaque na África





Contexto - Depois da Segunda Guerra Mundial: A Guerra Fria e as lutas por libertação na África

            O termo “descolonização” não define bem o processo de luta por independência das colônias na África, pois o deslegitima por ser um termo histórico eurocêntrico, dando a impressão de que os europeus controlaram quando começar e quando parar de colonizar. As lutas locais foram se dando vitoriosas no pós Segunda Guerra por diversos fatores: as potências europeias tradicionais se enfraqueceram após a guerra, e, com o choque da barbárie do nazismo e a vitória dos Aliados, houve a falência do discurso racista, que sustentava a justificativa da colonização; a forte influência da lógica bipolar da Guerra Fria (num contexto de disputa sobre qual era o melhor modelo econômico, capitalismo ou socialismo), já que os Estados Unidos e a União Soviética apoiaram as independências das colônias, pela possibilidade de conquistar novos aliados para o bloco capitalista e socialista, respectivamente (sendo colônias, não se poderiam estabelecer relações comerciais, devido ao Pacto Colonial, “perdendo” mercado consumidor, por exemplo), expandindo sua influência e hegemonia; a forte influência da ideologia socialista, que contribuiu para a defesa do ideal democrático, da formação de sindicatos, greves e manifestações, assim como o apoio da ONU (liderada pelos EUA), com a defesa da autodeterminação dos povos. O crescimento dos movimentos de resistência anticolonial e a construção de identidades regionais também fizeram parte do contexto histórico.
            O movimento dos não alinhados, em 1955, que defendia a não submissão do Terceiro Mundo ao Primeiro e ao Segundo, defendendo sua emergência e independência, apoiou a luta anticolonial e condenou o racismo. Houve, na África, uma experiência múltipla: houve independência pacífica, guerras violentas e independências tardias, no caso das colônias portuguesas, que, em contraste, foram as mais antigas colônias africanas.




Áreas de influência dos EUA (capitalista) – em azul e da URSS (socialista) – em vermelho

Introdução - O Imperialismo e as colônias portuguesas na África

Sátira com a Partilha da África


            Durante o fim do século XIX e início do século XX, o mundo passou pelo processo do Imperialismo, que ocorreu por consequência das transformações trazidas pela Segunda Revolução Industrial. Ao dominar e explorar a periferia do capital (África e Ásia), sob a justificativa cultural do “fardo do homem branco”, as potências europeias buscaram nela matéria-prima, mercado consumidor, mão de obra barata e áreas para reinvestir o capital.
            Nesse contexto, a África foi partilhada entre os países europeus, sem nenhum respeito às diferentes etnias existentes ali, não levando em consideração as diferenças culturais e as disputas tribais, a fim de colonizá-la. Portugal manteve no continente africano como colônias Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Tais colônias foram exploradas por anos, sendo submetidas às relações comerciais exclusivas com Portugal, sofrendo com o tráfico de escravos e com o desrespeito às etnias locais, o que causou muitas mortes e conflitos que perduram até hoje, assim como os ideais racistas.
            Abaixo, um mapa que mostra detalhadamente as divisões no continente africano entre os países europeus que colonizaram cada região e os anos de independência das respectivas colônias. Observa-se que a maioria delas só obteve sucesso nos movimentos de independência a partir da segunda metade do século XX, sobretudo as atrasadas colônias portuguesas, nos anos 70: