sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Direto ao ponto - Independência das colônias portuguesas no continente africano

 

África: de explorada à independente


            As colônias portuguesas foram as que mais demoraram a conquistar sua independência, todas após 1970, já que Portugal esteve, desde a década de 30, sob a Ditadura de Salazar, que travou o país de avanços econômicos, políticos e sociais, e que foi seguida de uma República, até então socialista. Quando ocorreram os movimentos que derrubaram as últimas ditaduras europeias, na Grécia, na Espanha e em Portugal, em meados dos anos 70, as lutas coloniais por libertação, que já existiam configurando as múltiplas resistências políticas e religiosas, mas sem reconhecimento ou vitória, passaram a ganhar força, constituindo a também chamada Guerra Ultramar.


• Angola

            Em Angola, que serviu de estoque para o tráfico de escravos de Portugal, o Movimento Popular pela Libertação da Angola (MPLA), fundado em 1956 e de orientação marxista, caracterizou um movimento guerrilheiro contra o colonialismo salazarista, além da União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), esta marcada por uma proposta política anticomunista. Em 1972, surgiu também a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), grupo que tinha apoio financeiro dos EUA. Em 1974, houve a Revolução dos Cravos, em Portugal, que derrubou a ditadura fascista de Salazar e propiciou, por meio de um acordo diplomático, a libertação angolana para 1975. Entretanto, evidenciando a influência da bipolaridade da Guerra Fria, constituiu-se uma guerra civil entre a MPLA, pró-soviética, no poder, e a Unita e a FLNA, apoiadas pelos EUA (cada frente apoiada por um dos dois megablocos – socialista e capitalista). Apesar dos esforços internacionais por paz após a Guerra Fria, esta guerra interna violenta se mantém ainda nos dias de hoje, devastando o país em destruição, fome e mutilações, em contraste com sua riqueza em matéria prima.

Guerrilheiros na libertação da Angola


Moçambique

            Em Moçambique, a Frente de Libertação do Moçambique (Frelimo), inspirada no socialismo e fundada em 1962, iniciou a luta por independência, quando foi ocupando o território da colônia. Com a Revolução de 1974, já citada (Cravos), Portugal acelerou as negociações para a libertação moçambicana, tendo reconhecido sua independência em 1975, com a Frelimo no poder. Porém, a África do Sul, apoiada pelos EUA, procurou desestabilizar o governo socialista por meio da Resistência Nacional Moçambicana (Remano) e, mesmo após um acordo de não agressão com a África do Sul, os confrontos continuaram (guerra civil). Somente nos anos 90, após uma abertura política, buscou-se estabelecer acordos entre o governo e os guerrilheiros, todavia, ao longo de todo esse processo conflituoso, Moçambique tornou-se o país mais pobre do mundo, tendo sido necessária a paz acordada entre os grupos rivais e uma maior conscientização para reconstruí-lo.

Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique


Cabo Verde e Guiné-Bissau

            Em Cabo Verde e Guiné-Bissau, a luta por libertação começou em 1961, sob a liderança do Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), cujo líder proclamou a independência de Guiné-Bissau, em 1973, a qual foi reconhecida imediatamente pela ONU, mas só foi oficializada em 1974, depois da Revolução dos Cravos. Cabo Verde, independente em 1975 e unido à Guiné-Bissau, se separou dela em 1980 e, no final desta década e no início da próxima, ambos os países integraram transformações da Guerra Fria, ampliando a abertura econômica (Cabo Verde) e a abertura política (Guiné-Bissau). No entanto, ao longo dos anos 90, o radicalismo entre as várias facções políticas continuou fomentando conflitos, quanto às eleições livres, por exemplo, além das diferentes etnias.

Amílcar Cabral, líder da independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau


Colônias portuguesas em destaque na África





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