África: de explorada à independente
As colônias portuguesas foram as que
mais demoraram a conquistar sua independência, todas após 1970, já que Portugal
esteve, desde a década de 30, sob a Ditadura de Salazar, que travou o país de
avanços econômicos, políticos e sociais, e que foi seguida de uma República,
até então socialista. Quando ocorreram os movimentos que derrubaram as últimas
ditaduras europeias, na Grécia, na Espanha e em Portugal, em meados dos anos
70, as lutas coloniais por libertação, que já existiam configurando as múltiplas
resistências políticas e religiosas, mas sem reconhecimento ou vitória,
passaram a ganhar força, constituindo a também chamada Guerra Ultramar.
• Angola
Em Angola, que serviu de estoque
para o tráfico de escravos de Portugal, o Movimento Popular pela Libertação da
Angola (MPLA), fundado em 1956 e de orientação marxista, caracterizou um
movimento guerrilheiro contra o colonialismo salazarista, além da União
Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), esta marcada por uma
proposta política anticomunista. Em 1972, surgiu também a Frente Nacional para
a Libertação de Angola (FNLA), grupo que tinha apoio financeiro dos EUA. Em
1974, houve a Revolução dos Cravos, em Portugal, que derrubou a ditadura
fascista de Salazar e propiciou, por meio de um acordo diplomático, a
libertação angolana para 1975. Entretanto, evidenciando a influência da
bipolaridade da Guerra Fria, constituiu-se uma guerra civil entre a MPLA,
pró-soviética, no poder, e a Unita e a FLNA, apoiadas pelos EUA (cada frente
apoiada por um dos dois megablocos – socialista e capitalista). Apesar dos esforços
internacionais por paz após a Guerra Fria, esta guerra interna violenta se
mantém ainda nos dias de hoje, devastando o país em destruição, fome e mutilações,
em contraste com sua riqueza em matéria prima.
Guerrilheiros na libertação da Angola
• Moçambique
Em Moçambique, a Frente de
Libertação do Moçambique (Frelimo), inspirada no socialismo e fundada em 1962,
iniciou a luta por independência, quando foi ocupando o território da colônia.
Com a Revolução de 1974, já citada (Cravos), Portugal acelerou as negociações
para a libertação moçambicana, tendo reconhecido sua independência em 1975, com
a Frelimo no poder. Porém, a África do Sul, apoiada pelos EUA, procurou
desestabilizar o governo socialista por meio da Resistência Nacional
Moçambicana (Remano) e, mesmo após um acordo de não agressão com a África do
Sul, os confrontos continuaram (guerra civil). Somente nos anos 90, após uma
abertura política, buscou-se estabelecer acordos entre o governo e os
guerrilheiros, todavia, ao longo de todo esse processo conflituoso, Moçambique tornou-se
o país mais pobre do mundo, tendo sido necessária a paz acordada entre os
grupos rivais e uma maior conscientização para reconstruí-lo.
Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique
• Cabo Verde e Guiné-Bissau
Em Cabo Verde e
Guiné-Bissau, a luta por libertação começou em 1961, sob a liderança do Partido
Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), cujo líder proclamou a
independência de Guiné-Bissau, em 1973, a qual foi reconhecida imediatamente
pela ONU, mas só foi oficializada em 1974, depois da Revolução dos Cravos. Cabo
Verde, independente em 1975 e unido à Guiné-Bissau, se separou dela em 1980 e,
no final desta década e no início da próxima, ambos os países integraram
transformações da Guerra Fria, ampliando a abertura econômica (Cabo Verde) e a
abertura política (Guiné-Bissau). No entanto, ao longo dos anos 90, o
radicalismo entre as várias facções políticas continuou fomentando conflitos,
quanto às eleições livres, por exemplo, além das diferentes etnias.
Amílcar Cabral, líder da independência de Cabo Verde
e Guiné-Bissau
Colônias portuguesas em destaque na África
Nenhum comentário:
Postar um comentário