O termo “descolonização” não define
bem o processo de luta por independência das colônias na África, pois o
deslegitima por ser um termo histórico eurocêntrico, dando a impressão de que
os europeus controlaram quando começar e quando parar de colonizar. As lutas
locais foram se dando vitoriosas no pós Segunda Guerra por diversos fatores: as
potências europeias tradicionais se enfraqueceram após a guerra, e, com o
choque da barbárie do nazismo e a vitória dos Aliados, houve a falência do
discurso racista, que sustentava a justificativa da colonização; a forte
influência da lógica bipolar da Guerra Fria (num contexto de disputa sobre qual
era o melhor modelo econômico, capitalismo ou socialismo), já que os Estados
Unidos e a União Soviética apoiaram as independências das colônias, pela
possibilidade de conquistar novos aliados para o bloco capitalista e
socialista, respectivamente (sendo colônias, não se poderiam estabelecer
relações comerciais, devido ao Pacto Colonial, “perdendo” mercado consumidor,
por exemplo), expandindo sua influência e hegemonia; a forte influência da
ideologia socialista, que contribuiu para a defesa do ideal democrático, da
formação de sindicatos, greves e manifestações, assim como o apoio da ONU
(liderada pelos EUA), com a defesa da autodeterminação dos povos. O crescimento
dos movimentos de resistência anticolonial e a construção de identidades
regionais também fizeram parte do contexto histórico.
O movimento dos não
alinhados, em 1955, que defendia a não submissão do Terceiro Mundo ao Primeiro
e ao Segundo, defendendo sua emergência e independência, apoiou a luta
anticolonial e condenou o racismo. Houve, na África, uma experiência múltipla:
houve independência pacífica, guerras violentas e independências tardias, no
caso das colônias portuguesas, que, em contraste, foram as mais antigas
colônias africanas.
Áreas de influência dos EUA (capitalista) – em azul
e da URSS (socialista) – em vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário